Fecha as pernas, tenha modos, limpa a casa, fala baixo, não responda, beleza dói, casa quando?, e os filhos?... Essas são algumas expressões que nos acompanham desde pequenas, que servem para cotidianamente deixar explícito o lugar das mulheres na sociedade. Um lugar com salários mais baixos, violências cotidianas, em que sua opinião não importa, em que as outras mulheres são suas inimigas e sua meta na vida é achar o Príncipe Encantado, SE você for uma "princesa". O nome disso é "machismo".
Vivemos em uma sociedade em que as mulheres possuem apenas 1% de todas as terras do mundo, são apenas 3% das presidentes de empresas, 9,9% das parlamentares na Câmara Federal do Brasil. O Brasil é o sétimo país que mais mata mulheres cisgêneras no mundo e o país que mais mata pessoas transexuais em todo o planeta. Na vida cotidiana, se estima que 1/5 das brasileiras já sofreu violência física de gênero. Em 80% das denúncias feitas, o agressor era companheiro ou ex-companheiro dessa mulher. Os homens recebem salários 30% maiores do que os das mulheres, no Brasil. Quando fazemos o recorte racial, essa diferença aumenta ainda mais.
O mundo muda, mas apenas quando nos colocamos em luta. Para acabar com o machismo, é preciso que as mulheres estejam organizadas e unidas. Precisamos confiar em nós mesmas e umas nas outras, ocupar os espaços públicos, nos apoderar das ferramentas políticas. No movimento social, chamamos isso de "empoderamento". Para ser transformação do poder de verdade, precisamos fazer isso por nós mesmas. Acabar com a tutela masculina sobre nossas vidas e nossas decisões é parte do processo de derrubada do patriarcado. Por isso, o RUA tem uma Frente Feminista auto-organizada, onde participam apenas mulheres cis e trans, para decidirmos sobre nossa atuação e formularmos política por nós mesmas.
Não basta que ocupemos os cargos de poder como os homens já ocupam, aprofundando as opressões sobre outras mulheres como fazem figuras como Angela Merkel, Margaret Tatcher, Dilma Roussef e tantas outras. Precisamos transformar completamente o que é o fazer político e acabar também com o Capital. Não há anticapitalismo sem feminismo. Não há libertação das mulheres sem anticapitalismo.
"Companheira me ajuda, que eu não posso andar só.
Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor"