Para nós, negritude anticapitalista, o racismo e o capitalismo são faces da mesma moeda. O racismo formou-se como parte do processo através do qual o capitalismo tornou-se o sistema econômico e social dominante. O capitalismo se alimenta e se fortalece nas opressões e discriminações, nas hierarquias desqualificantes em que estrutura a sociedade para prevalecer o capital. Portanto, não há anticapitalismo sem a luta de combate ao racismo.
Brasil, morros, favelas, becos e vielas, 127 anos após a falsa abolição vivemos no país que passou mais tempo com o escravismo formal do que sem ele, foram 388 na última nação da América que aboliu “oficialmente” a escravidão.
A população negra convive com situações históricas de miséria e violência, em uma terra que nunca nos ofereceu a verdadeira liberdade. Vivemos imersos a fenômenos sociais que estão intrinsecamente ligados ao racismo brasileiro, um racismo estrutural que se articula de forma bastante singular a dominação de classe em nossa sociedade.
Somos 51% da população e maioria nos piores postos de trabalho, enquanto que minorias nas universidades, nos espaços de representação e poder. Estamos nas maiores taxas de desnutrição, analfabetismo, no sistema prisional, nas unidades socioeducativas e nos índices alarmantes de homicídios. Está em curso no Brasil um verdadeiro genocídio da juventude negra! Os jovens de 15 a 24 anos estão sendo assassinados não só porque são pobres, mas, sobretudo, porque são negros! Pesquisas recentes já demonstraram que em comparação com o jovem branco, a probabilidade de um jovem negro ser assassinado é quase três vezes maior.
O racismo também se expressa na violência cotidiana às mulheres negras, que são vítimas de mais de 60% dos assassinatos de mulheres no país e entre a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) brasileira, mais da metade, 51,1%, das vítimas de violações de direitos humanos de caráter homolesbobitransfóbico no país são autodeclaradas negras e pardas.
O setorial de Negras e Negros do Movimento RUA - Juventude Anticapitalista é um espaço de auto-organização de negras e negros. Lutamos para derrubar o racismo, o capital e toda forma de opressão. Por isso, estamos inseridas/os nas formulações e construções das nossas pautas nas cidades, periferias, escolas, universidades e demais setores populares que temos inserções.