As massivas mobilizações do 29M e 19J, tiveram forte impacto na luta política contra o autoritarismo bolsonarista. Ampliou-se a disposição dos movimentos sociais e das massas em geral para ir às ruas contra o presidente, mesmo durante a pandemia, diante da catástrofe alimentada pelo governo neofascista. Coloca-se agora uma possibilidade que até então era menos visível, e que deve ser a prioridade número um de todas as forças populares: derrotar Bolsonaro nas ruas e pra já.
A crise social e econômica foi conscientemente alimentada pelo governo. Com uma política irresponsável e assassina, Bolsonaro incentivou o contágio pelo coronavírus e recusou-se por muito tempo a colocar em prática um plano sério de vacinação, e hoje o país chora pelas mais de 500.000 vidas interrompidas pelo descaso e pelo negacionismo. Não fosse isso o bastante, o ultra-liberalismo neofascista é também responsável por mais de 15 milhões de pessoas desempregadas e pelo retorno do Brasil ao mapa da fome - com 125 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar no país. Bolsonaro segue atendendo às demandas do empresariado que sustenta o governo, e trabalhadores e trabalhadoras são abandonados à própria sorte sem qualquer forma de proteção social. Interromper a barbárie e as mortes em massa tornou-se urgente para as forças populares.
A ampla unidade da esquerda e dos movimentos sociais, reunidos na Campanha Nacional Fora Bolsonaro, em que convergem a Frente Povo Sem Medo, Coalizão Negra por Direitos e a Frente Brasil Popular, construiu o importante acerto das mobilizações dos últimos meses. Levando centenas de milhares de pessoas às ruas, as forças populares conseguiram impôr uma nova dinâmica na luta política, incidindo sobre o desgaste do governo e aumentando a pressão contra Bolsonaro. A partir das mobilizações, ampliou-se a divisão da direita, e mesmo frações da burguesia têm se distanciado da sustentação ao governo genocida e vem desgastando o Executivo a partir da pauta da corrupção e da CPI da COVID no Senado. Sem expectativa em relação a esses setores, nossa tarefa agora é seguir massificando e ampliando cada vez mais as mobilizações unitárias: nossa aposta é derrotar Bolsonaro com a força das ruas.
Essa não será uma batalha de "tiro curto". Bolsonaro ainda mantém o apoio da burguesia a sua agenda econômica, e vem incidindo cada vez mais intensamente para que as Forças Armadas sigam fiadoras do governo. O avanço da violência policial, com chacinas cada vez mais frequentes, da perseguição política, com cada vez mais episódios de ativistas intimados pelas polícias, e o recente episódio envolvendo a participação de Pazuello em manifestação pró-governo demonstram a perigosa relação entre Bolsonaro e as tropas. A ameaça autoritária segue na agenda do governo e não é carta fora do baralho. Diante dessa possibilidade real de um maior recrudescimento do autoritarismo no país, a luta contra Bolsonaro e o bolsonarismo exige da esquerda brasileira o fortalecimento de sua unidade e a manutenção das mobilizações mais massivas possível.
Foi a unidade da esquerda que impediu que Bolsonaro avançasse ainda mais em sua agenda autoritária, impossibilitando a derrota profunda que significaria o esmagamento das organizações populares e movimentos sociais do país. Essa unidade é resultado da experiência acumulada pelas forças populares desde a luta contra o golpe de 2016, quando souberam se reposicionar para enfrentar a ofensiva da direita desde então.
Nesse sentido, a unidade dos movimentos sociais e da esquerda deve ser parte da luta pela derrubada do governo. É a unidade que possibilita a maior massificação das mobilizações, e essa deve ser a hierarquia: quanto mais unitárias, mais massivas serão as manifestações -- e, portanto, maior será a força das ruas. A divisão da luta contra Bolsonaro, ainda mais quando se dá em torno de divergências autoproclamatórias, é uma irresponsabilidade diante do tamanho de nosso desafio, da envergadura da crise e do alcance histórico que o desenlace desta luta terá para o país.
O RUA_Juventude Anticapitalista convoca toda sua militância e dedica todos seus esforços para tirar Bolsonaro do poder, e as ruas cada vez mais cheias mostram o caminho para sua derrubada. No último dia 30 protocolamos o super pedido de impeachment no Congresso Federal e no próximo dia 03, estaremos ocupando as ruas em todo o país pelo Fora Bolsonaro já!