Vemos o (des)governo Bolsonaro destruindo nosso futuro através de reformas neoliberais que atacam nossos direitos, vemos a destruição das nossas universidades, da produção de conhecimento e como se já não bastasse, também a destruição dos nossos lares, nossos sustentos, nosso lazer. A política de Bolsonaro é marcada como uma política de ECOCÍDIO, de destruição em ritmo desenfreado do meio ambiente. Só neste ano de 2019, já sofremos com graves crimes socioambientais, o rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho - MG, o recorde de focos de incêndio na Amazônia brasileira, e mais recente a poluição com óleo do nosso litoral nordestino, que pode ser considerado o maior desastre ambiental com Petróleo em extensão do mundo, são mais de 2.250 km de costa atingida.
Esse governo não nos representa!
Não saber a origem do óleo e seu volume, causa muita preocupação em todes, já são mais de 56 dias que vemos chegar óleo em nossa costa, e mais de 1000 toneladas de material já recolhido, e não se sabe quanto mais deve chegar. Investigar os responsáveis é sim fundamental, mas o governo deve AGIR para controlar e retirar o óleo, prevenir a ampliação dos danos e promover a ampla informação à população.
Mesmo existindo um Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas, com expertise técnico-científica desde 2013, ele só foi desencadeado recentemente, e ainda não se evidenciam ações concretas. As únicas medidas tomadas até agora se concentram na limpeza das praias e não na contenção do óleo no mar.
Na nossa costa afetada se encontram ecossistemas costeiros e marinhos extremamente frágeis e importantes para a vida aquática, lembremos em particular, nos recifes, manguezais e estuários que desenvolvem serviços ecossistêmicos fundamentais.
E se por um lado a vida humana e de outros seres vivos está ameaçada, sabemos também que não sofremos os impactos da mesma forma. Os pescadores e pescadoras artesanais que vivem nas regiões atingidas e dependem do mar para seu sustento, tiveram sua fonte de renda inviabilizada, seja pela real contaminação ou pelo receio da população em comprar peixes e mariscos. Além disso, a relação das comunidades pesqueiras com a água não se restringe à pesca, as águas são também via de navegação e espaços de lazer.
No desespero e revolta, a população se organiza em mutirões para limpar as praias, muitas vezes sem proteção adequada, sem saber os riscos à saúde do contato com o óleo e sem apoio dos órgãos governamentais.
Entendemos que este não é um problema exclusivo de um governo, mas sim de um modelo de sociedade predatório, que é extrativista-produtivista-consumista. É tarefa histórica de nossa geração reverter esse sistema insustentável, com a juventude e sociedade civil organizada.
Repudiamos a falta de medidas cabíveis por parte dos órgãos competentes, em particular, o descaso e a omissão do governo federal. Exigimos amplas e detalhadas informações dos poderes públicos sobre o processo em curso, e o diálogo das equipe institucionais de trabalho com as comunidades pesqueiras, que tem grande conhecimento sobre a vida marinha.
Exigimos medidas emergenciais para garantir a dignidade das comunidades pesqueiras.
Exigimos responsabilidade dos órgãos de Saúde, em todos os níveis, com a vida das pessoas afetadas, dos pescadores artesanais às bravas voluntárias que tiveram contato com o material.
Nos negamos a acreditar que temos tecnologia para descobrir petróleo do pré-sal a mais de 5.000m de profundidade, mas não temos para conseguir identificar petróleo na subsuperfície do mar. E se o que falam for verdade, questionamos, se frente a INCOMPETÊNCIA e INCAPACIDADE dos governos de controlar e agir em uma situação grave como essa, devemos continuar a perfurar e sangrar os poços do Pré-Sal?
BASTA DE ÓLEO EM NOSSAS PRAIAS! Convocamos todes para as mobilizações internacionais nos dias 25 e 26 de outubro!
Marchamos em defesa de nossas vidas!
Somos mulheres, negras e negros, LGBTs, pescadores, marisqueiras, indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhos, sem teto, sem terra
Somos juventudes indignadas com a destruição de nossas terras e mares
Somos milhares de brasileiras e brasileiros que sonham com um novo mundo.
Um mundo onde o lucro não esteja acima das vidas
Um mundo onde não mais ocorram crimes ambientais
Onde os direitos da natureza sejam garantidos
E todas as formas e estilo de vida sejam respeitadas
Um mundo pautado pela solidariedade entre os povos e o amor à Mãe Terra.
Por justiça gritamos:
NÃO HÁ PLANETA B! Queremos Bem Viver!
Diante do que vemos, não vamos ficar inertes, estamos nos organizando e lutando coletivamente para barrar esses retrocessos! Convidamos todo o conjunto da sociedade brasileira a somarem forças conosco, assim como a insurgência popular e anticapitalista na América Latina, em todo mundo. Denunciando internacionalmente as atrocidades contra a povo pobre, a exploração de garimpo, a tomada das terras indígenas, as toneladas de petróleo in natura de componentes tóxicos em mais de 400 praias no litoral nordestino.
As políticas ultra neoliberais estão em colapso, os governos estão em crise. E nós não vamos pagar a conta dessa crise. A nossa tão sonhada e frágil democracia, o nosso futuro pelo bem viver está em perigo! Vamos seguir ocupando as ruas em protesto, construindo a resistência em cada lugar, onde houver a lógica da exploração e do livro sobre a vida.