Mais um carnaval se passou e, enquanto o povo festejava nas ruas, espaço que deveria ser seu o ano todo, o presidente Jair Bolsonaro cometeu mais um ataque à democracia. Em meio a tantas reformas que retiram direitos da classe trabalhadora, o presidente ultrapassou mais uma vez as fronteiras da democracia com um ato antidemocrático somente visto durante o período da ditadura.
Como sabemos, a separação dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) é um sistema de pesos e contrapesos para garantir a plena democracia e nenhum abuso por parte de qualquer das autoridades. Além disso, cabe também às Forças Armadas a manutenção da ordem constitucional, que prega pela democracia.
O mês de março foi um mês fundamental em 2019, repleto de manifestações populares, reacendendo uma chama de esperança logo no início do governo Bolsonaro. Esse ano não será diferente, as jornadas de 8 de março, dia da greve internacional pelos direitos das mulheres; o 14 de março, dois anos desde que Marielle Franco foi brutalmente assassinada, sairemos às ruas em defesa do seu legado e para cobrar justiça contra esse crime e; 18 de março, ato convocado pela UNE em defesa da educação e contra as ações do atual ministro, Abraham Weintraub, mas que tem tido adesão de diversas categorias, como o setor público.
O atual governo não tem tido sucesso em nenhuma área, sequer na economia, que foi sua pasta prioritária na campanha - o dólar beira os R$ 4,50! Suas ações tem sido responsáveis pelo desmonte de diversas áreas estratégicas para a soberania nacional, basta ver a proposta escandalosa de demissão massiva na Petrobrás que teve reação dos trabalhadores e uma greve que já é a maior desde 1995. Além disso, o presidente não possui governabilidade no Congresso. A insatisfação já levou à queda de diversos ministros, e pode agora derrubar o ministro da Educação.
É em meio a esse cenário, que Bolsonaro e seu entorno buscam enfraquecer a democracia brasileira, retirando a legitimidade do legislativo e do judiciário para centralizar todo o poder no executivo e nas Forças Armadas.
Bolsonaro sempre foi um adepto do golpismo, diante do seu governo enfraquecido e com dificuldades, reage desesperadamente e ultrapassa em muito a atuação de um Presidente. É, mais do que nunca, a hora de mobilizarmos as bases dentro de todo campo de oposição ao governo para transformamos juntos novamente o mês de março no terror de Bolsonaro e de Mourão. Precisamos reagir de forma ampla enquanto campo da oposição, a extrema-direita está se rearticulando, é o momento da oposição (verdadeira oposição, que não aceita concessões à classe dominante e aos usurpadores de direitos) atuar de forma conjunta e nos pontos prioritários, especialmente a defesa e manutenção do estado democrático.
É por isso que o RUA_Juventude Anticapitalista manifesta total repúdio às ações de Jair Bolsonaro e a seu governo e convoca à todas e a todos para, conjuntamente, dialogar para construir e reforçar as manifestações do mês de março. Dia 8 vamos tomar às ruas do mundo todo em defesa dos direitos e da vida das mulheres, mostrando a esse governo misógino o poder que as minas têm frente aos abusos cometidos, dia 14 vamos novamente tomar o país para que não esqueçamos os perigos do autoritarismo e das milícias que nos governam, exigimos saber quem mandou matar Marielle Franco!
A manifestação apoiada pelo Presidente ocorre no dia 15, por isso precisamos invadir as ruas nessas duas ações que, apesar de reforçadas pela pauta do anti golpismo, devem manter sua pauta original, para que no dia 18, já aquecidos pelo calor das ruas tomadas ao longo do mês de março possamos afogar esse governo golpista e de tendências fascistas em mais um tsunami da educação, que trata também do autoritarismo e dos ataques à democracia cometidos pelo governo e seus ministros.
Se enganam os que pensam que assistiremos calados a história se repetir. Para isso é fundamental que os setores da sociedade dialoguem e se articulem entre si, para que não apenas setores isolados apresentem resistência organizada a esse governo, fator que engessou as manifestações no ano passado. Há muita luta pela frente, continuaremos firmes, enquanto o atual governo e seus apoiadores seguem
“Sem saber que a esperança
Brilha mais na escuridão."