Por meio de um ao vivo no seu Instagram pessoal, o Secretário de Educação Pedro Fernandes, informou sobre a implementação de um modelo de “educação a distância” para os alunos da rede estadual de ensino.
A principio parece bom pensar em meios de estimular atividades pedagógicas ou culturais durante este período de quarentena. Mas a proposta reforça as desigualdades sociais. Propõe seguir como se houvesse uma normalidade do ano letivo, mas exclui os alunos que não possuem acesso á internet. Tendo em vista que não há estrutura para implementar esse projeto, e os professores não foram capacitados para tal, além de terem planejado todas suas aulas para a modalidade presencial. Nem poderia ser chamado ensino à distância como chamam o secretário e o governador, uma modalidade específica que exige planejamento específico, estrutura específica e que não está regulada para o ensino básico.
Que realidade é essa em que todo mundo tem acesso à internet, celulares ou computadores com grandes pacotes de dados, incluindo quando há na família diversos alunos de diversas séries que teriam que assistir aula ao mesmo tempo? Avaliando alguns aspectos, não há garantia nenhuma de estrutura para os profissionais de educação, não foi esclarecido o método avaliativo, não garante o sigilo dos dados dos alunos e professores, não garante, enfim, uma educação de qualidade. Pelo Twitter o governador diz que vai disponibilizar o material impresso para quem não possui internet, só não diz como! Nem como avaliar igualmente estudantes que vão ter acessos tão diferentes ao conteúdo.
Sobre os profissionais, com qual estrutura esses profissionais executariam suas funções? Os professores teriam sobretrabalho? Seus filhos também não estão em casa e não precisam ser cuidados? Muitos também não estão no grupo de risco? Muitos de nós sequer tem acesso à água potável e rede de esgoto, além de estarmos com a renda familiar prejudicada por causa da crise. Como seguir como se nada houvesse acontecido? Os casos chegam e se espalham nas favelas e periferias e o sistema de saúde é insuficiente.
Não somos contra a plataforma ser utilizada por aqueles professores/as e alunos/as que optem utilizá-lo, mas apenas como caráter optativo e complementar.
Nosso foco agora é sobreviver! Precisamos fortalecer nosso SUS, precisamos aumentar as transferências de renda para as famílias, precisamos que o dinheiro de merenda vire dinheiro gasto em cesta básica para que não passemos fome.
Não sabemos quanto tempo essa epidemia vai durar, precisamos debater juntos, toda a comunidade escolar, é só depois de passado esse período avaliar o que vai ser dos 200 dias letivos.
Portanto, o RUA_Juventude anticapitalista junto aos estudantes secundários, discordam do modelo autoritário que está sendo implementado pela Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.