No último período a taxa de feminicídio entre mulheres não negras vem diminuindo, mas com base no atlas da violência o número de feminicídios para com mulheres negras aumentou em 54,2 % entre 2003 e 2013. A violência para com às mulheres negras vem crescendo e isso demonstra a fragilidade das políticas públicas de proteção e promoção de direitos para essas mulheres, que são hoje em sua maioria ocupantes de cargos com salários menores, e empregos mais precarizados. Quando falamos de desemprego ressalta-se que mulheres jovens negras são 60% da população sobrante no Brasil.
E ainda para as mulheres negras que conseguem chegar a um cargo bem remunerado e valorizado pela sociedade capitalista, precisam provar 3 vezes mais que são capazes, e são cobradas e silenciadas todos os dias nos locais de trabalho das mais diversas formas. As mulheres negras estão hoje em sua maioria na base da pirâmide da estrutura da sociedade capitalista. Por serem a base dessa pirâmide como bem ressalta Angela Davis às mulheres negras organizadas e indignadas abalam as estruturas, seu corpo em espaços políticos importantes e de visibilidade são ameaças para o estado racista e machista em que vivemos.
É com o pé na porta que as mulheres negras ocupam a política, e aos poucos estão chegando em mais um espaço antes negado para o povo negro. E foi assim que Marielle vereadora eleita ocupou a câmara dos vereadores no Rio de Janeiro, sendo a vereadora mais votada,abalando as estruturas ao ponto de atacarem a democracia e tentarem silenciar sua voz , da forma mais covarde sendo brutalmente assassinada. A um ano atrás,14 de março de 2018, assassinam Marielle Franco, Vereadora do Psol(Rj), mulher negra lésbica, cria da favela da maré e mãe. Uma mulher negra que lutava contra os ataques aos direitos humanos.
A luta contra o seu próprio silenciamento e de tantas outras e que lutavam e lutam pelos direitos humanos, direitos dos mais oprimidos que são assassinados todos os dias pelo estado racista. Não foi em vão e sua morte também não pode ser, Marielle vive em cada um de nós que luta por um mundo mais justo e igualitário, e virou semente em atos e ações por todo o Brasil que pedem justiça. 3 dias a polícia federal soluciona o caso sobre quem matou Marielle e Anderson, mas quem mandou matar Marielle é algo que ainda não teve solução.
Continuamos nas lutas e nas RUAS pedindo justiça e lutando por uma sociedade onde não se mata pela raça credo, gênero ou religião. EU SOU PORQUE NÓS SOMOS!
#MarielleVive
Este texto faz parte de um especial produzido pelas feministas do RUA para o mês de março de 2019! Confira a série completa aqui no site.
arte: Thiana Fragoso/RUA UERJ