Não é mero acaso que as periferias são distantes dos centros econômicos, que se localizem em áreas de risco muitas vezes, que sofram com alagamentos e/ou deslizamentos frequentes, que seja comum que tenham que lidar com falta de água e/ou esgoto a céu aberto, que costuma não ter coleta de lixo regular, que o loteamento costuma ser pequeno e as casas precárias, que falte estruturas públicas de cultura, educação e saúde, que a polícia age de forma violenta, que o transporte público seja demorado e de péssima qualidade, que seus moradores sejam em sua maioria negros.
Não é à toa, por outro lado, que os centros urbanos e áreas valorizadas sejam caras, que não falte água mesmo em meio a crises hídricas, que o esgoto seja excelente e facilmente consertado em caso de problemas, que se localizem em áreas planas e bem drenadas, que além da coleta de lixo tenha também limpeza das ruas e poda de árvores, que os terrenos sejam grandes e as casas espaçosas, que o acesso à saúde, cultura e educação sejam privados e até mesmo os públicos sejam de boa qualidade, que a polícia esteja a disposição para garantir a segurança, que seus moradores não dependam de transporte público e que sejam em sua maioria brancos.
Desde antes da falsa abolição e surgimento das favelas, e depois com a migração em massa dos povos do campo e da floresta para os grandes centros urbanos, com a urbanização repentina e mal planejada, o capital escolhe as regras e aonde cada peça deve ficar no jogo da exploração e opressão. Nosso papel é destruir o tabuleiro.
