Como te vêem?
Não faz muito tempo éramos crianças e todos admiravam nossa energia, nossa capacidade de sermos inventivos e de amar.
O que precedia ao ato?
No Centro da Cidade no dia 15/05/2019 já pela manhã o que se via era um número maior de policiais e guardas do “Centro Presente”. Mais tarde o que víamos viaturas por todo Centro, um decreto de atuação da Força Nacional e a utilização de carros com espaço para detidos, melhor ilustrando, os exagerados e desrespeitosos camburões.
O que se percebia?
Sabemos que a PMERJ e demais estruturas policiais não são utilizadas para propiciar o debate e a manifestação, inclusive, eles próprios são vedados. Sendo assim, elegem um alvo mediante os recortes de classes, gênero, raça, primordialmente, afinal, você não achou que qualquer um fosse ocupar o camburão, não é mesmo? O camburão tem público específico, os indesejáveis, traduzindo: marginalizados.
Desse modo, no 15M vivemos um caso usual, não comum, muito menos natural, ISSO NÃO É NATURAL, da polícia bruta, tentando dispersar com bombas e com uma estrutura intimidadora de viaturas, armas - humanas ou não. Observamos ainda os estudantes, professores e demais defensores da educação e cidadania preocupados com o fato de sofrerem violência porque estão reivindicando direito constitucional à educação, exercendo ali seu direito ao protesto. Nesse contexto, mais uma vez, pessoas foram detidas com ausência de materialidade e coerência fática entre os direitos humanos e procedimento policialesco. Um jovem foi colocado ao chão, imobilizado e levado, uma abordagem agressiva e que não o enxerga como sujeito de direitos, estudante e ser de muitos sonhos, pelo contrário, coloca-o como inimigo da nação, como balbúrdia.
O sistema de segurança é perdido, gera insegurança naqueles que lutam pelos direitos, e na disputa pela narrativa, espera-se - minimamente - que um dia sejamos reconhecidos como aqueles e aquelas que lutaram pela educação, que estiveram de mãos dadas por uma transformação de todos e para todos. Afinal, somos as e os mesmos detentores da energia, criatividade, que - com consciência - lutam por um mundo de oportunidades iguais e pela educação como meio primordial de emancipação.
Nunca fomos, não somos e nunca seremos inimigos dos interesses da população, somos estudantes, não queremos camburão, queremos educação. Estamos na Rua e não somos balbúrdia, agora o Governo e a forma de insegurança promovida institucionalmente, esses, sim.