Com 56% dos votos Bolsonaro assumirá a Presidência da República. O programa do Bolsonaro e seu vice militar ameaçam o regime político da Nova República Brasileira. Este velho político ganhou em um processo eleitoral totalmente atípico: com um estratégia pautada indústria de fake news, sob denúncias de milhões de reais utilizados em caixa 2 de campanha e recusando-se ao debate aberto entre propostas.
Nesta grave crise que atravessamos, sua campanha, baseada em mentiras e ódio, provou-se capaz de abocanhar votos indignados com o sistema político, as péssimas condições de vida, de trabalho e a crise de representatividade.
Precisaremos refletir duramente sobre os erros cometidos pela esquerda nos últimos anos, para que sejamos capazes de impedir o crescimento das ideias conservadoras e de oferecer respostas para o povo nesta crise. Fizemos campanha para Boulos e Sônia no 1º turno, para Haddad e Manuela no 2º turno e afirmamos: diante da encruzilhada, o único caminho a ser seguido é o popular, com as maiorias e a defesa irrestrita de seus direitos.
Mestre Moa na Bahia, a transexual Laysa em Sergipe e o jovem Charlione assassinado a tiros durante o ato de campanha de Haddad no Ceará há dois dias da eleição, são as provas mais brutais do que representa esta vitória. Centenas de relatos de violência e agressão a ativistas pelo país - especialmente contra mulheres e LGBTs - são responsabilidade do discurso do Bolsonaro. Há sangue em suas palavras e em suas mãos. Diante da ameaça de agravamento da ação destes que estão chocando o ovo da serpente do fascismo, não temos dúvida: a única solução é construir a luta antifascista de forma organizada e coletiva.
É hora de construir uma Frente Ampla Antifascista e em defesa da democracia com todos e todas que, apesar de suas diferenças, defendem a democracia! Perdemos uma batalha, mas não podemos sair do front. Nós temos esperança naquelas que estiveram à frente da mobilização de mulheres no dia 29 de outubro. Temos força naqueles(as) ativistas que foram para as ruas, locais de trabalho e estudo disputar votos e ideias contra Bolsonaro. A partir daí, nascerá uma oposição incansável a este governo.
Somos uma juventude que irá ocupar universidades e escolas com política antifascista, porque acreditamos na vitória, com trabalho de base e mobilizações. Somos mulheres, trabalhadores, negros, LGBTs, da liberdade religiosa, das favelas e periferias que não sairão das ruas para garantir nossos direitos e liberdades. Somos e continuaremos sendo Brasil. Queremos lutar contra o medo e ocupar as ruas, de mãos dadas com todos e todas que não querem ver o programa de Bolsonaro realizado.
Perdemos a batalha, outras virão. A luta pela democracia ainda está em campo.