Vem vamos embora que esperar não é saber
quem sabe faz a hora não espera acontecer
Geraldo Vandré
A nossa geração nasceu no berço do neoliberalismo, cresceu vendo direitos sendo cortados, mas nunca aceitou essa realidade como algo natural. Descobrimos o nosso lugar nas ruas, nas lutas pelo direito à cidade, pelo direito à terra, pelo direito à vida.
Na defesa da educação e da garantia de políticas sociais. Alguns de nós eram crianças quando o PT chegou ao poder e jovens que também ocuparam as ruas pelas pautas que vimos o PT deixar de lado em nome da conciliação. O RUA surgiu na luta crítica e se fez como oposição.
Éramos oposição ao governo e lutamos duramente contra o golpe, por entender que não se tratava de depor um partido, mas um ataque à nossa democracia. Resistimos a retirada de direitos conduzida por Michel Temer nos dois anos de seu governo golpista. No primeiro turno das eleições presidenciais, nos aliamos com indígenas, sem-teto, midialivristas, movimentos sociais, jovens, periferia, mulheres e LGBTs na aliança Sem Medo de Mudar o Brasil, representada por Guilherme Boulos e Sonia Guajajara. Fizemos uma campanha que falou abertamente das saídas necessárias para vencer a crise, com independência política para denunciar os privilégios de quem de fato manda.
Infelizmente, o resultado do primeiro turno é o símbolo de uma escalada de ódio e violência no nosso país, impulsionada pelos setores mais conservadores e que leva a cara de Jair Bolsonaro. Este candidato que votou em todos os projetos que Temer mandou, agora tenta se vender como mudança. A sua política econômica segue sendo a de privilegiar os mais ricos. O seu discurso tem alimentado o ódio de seus seguidores, que cometeram mais de 70 atentados contra jovens que faziam campanha, travestis, mulheres até o ataque fatal contra o mestre Moa.
Aprendemos com a nossa história que o fascismo e o autoritarismo não permite o diálogo e nem a oposição. Ele se perpetua a partir da eliminação do outro. Por isso que não titubeamos em dizer que no segundo turno estamos com Fernando Haddad e Manuela D’Avila ! O número 13 agora deixa de representar o programa de um partido ou de outro e passa vocalizar uma frente ampla democrática.
É tarefa histórica da nossa geração barrar o avanço do projeto fascista. Entendemos que essa tarefa não se restringe ao período eleitoral e, independente do resultado, não se esgotará nas urnas do dia 28 de outubro – terá de ser derrotado nas ruas. Os grupos de ação da campanha Vamos com Boulos e Sonia já se transformaram em Brigadas pela Democracia e estamos compondo com a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, a resistência.
Nas universidades, assembleias lotadas de norte a sul do país mostram que os estudantes honrarão o nome de seus antecessores, que há 50 anos eram presos pela ditadura militar ao realizar o Congresso de Ibiúna. Nas escolas, estudantes secundaristas colocam as cadeiras na rua e dão aula para a população que passa. Nas ruas, os movimentos de mulheres, de negritude e LGBTs serão a linha de frente para dizer #ELENÃO nos atos do dia 20 de outubro! Aprendamos com a história dos oprimidos, a luta é a nossa esperança. O Brasil é melhor do que Bolsonaro!